quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Um pouco de poesia...

...Ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesma e descubra o próprio jardim.Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela. Ponha intenção de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteio. 
(Carlos Drummond de Andrade)

3 comentários:

  1. Danadinho este Carlos! Teve a posse de ser feliz, e tanto praticou felicidade, que a nós ensina modas que não caem de moda, ainda usamos a mesma chita nos revoem, nas comemorações eternas que os nossos dentes não se embotam de vinho, por que temos a escova da esperança, a elegância da alma, se não basta aprendemos a fazer jardim, plantar caqui, Cambuci, e até nos debruçarmos na janela. Ele foi amigo dos apaixonados, deixou um condado de letras, tantas...! Chico Buarque Reviveu a praça, reergueu os sons de flauta, ensinou para as borboletas as escalas das névoas... De sutileza ainda nos ensina reinventar o amor.

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  2. Nossa Vitor, queria eu ter a alma poética que tem vocês grandes poetas ( e neles incluo você).
    Cada vez que vejo suas escritas fico aqui flutuando nas palavras...que bem faz isso...é amor expresso nas formas mais delicadas, nas suas bem traçadas linhas.
    Ler Carlos, Vinícius, Clarice, Martha, Fernando, tantos outros renomados, e ler Vitor Lemes, enchem de alegria e luz tardes chuvosas como essa...
    Que prazer é prá mim, ter na minha vida o gosto pela poesia e por tudo o que vem dela!
    E viva o amor reinventado a todo instante, por vocês poetas!

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  3. Não me abarque entre os bravios
    Neles havia coração, botão e flor
    e eu ainda tenho apego a coisas vis
    me avexo para falar de amor…

    Portanto me limito em pequenos instantes
    não me ponho a rompantes vultos
    pois deles sei que sou oculto e,
    eles serão para sempre o palco dos cultos.

    O dia que me aturdir a vida
    fugirá comigo os púlpitos
    acabar-se-ão as convenções,
    os clássicos sempre estarão em seu calões….

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